domingo, 21 de julho de 2013

Dói, e parece que nunca mais vai passar. Você não dorme, não come. E até respirar, que era pra ser algo simples, passa a ser trabalhoso com o peito sempre cheio e dolorido. O Sol parece estar mais fraco, e as flores não são tão coloridas mais. Você dorme chorando de saudade, e acorda com o coração dilacerado sentindo a falta. Você quer ligar, as vezes faz um brigadeiro e esquece. Outras vezes apenas... liga. Liga e fala do tempo. Escuta da faculdade, do futebol. Com a voz receptiva, mas com as lágrimas caindo em silencio. É como se faltasse um pedaço seu, justamente aquele pedaço que te deixa sem vontades de ao menos sair da cama.


Dói, e parece que nunca mais vai passar. Mas um dia simplesmente, passa.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Pode Parecer Exagero da Minha Parte Pra Algumas Pessoas

Pode parecer exagero da minha parte pra algumas pessoas, mas acredito que elas não sabem como é esperar por algo a vida inteira, e ter apenas uma linha tênue te separando da realização. Acho que elas nunca desejaram algo a ponto de não conseguir respirar, não conseguir dormir. A ponto de não conseguir viver. É estranho tentar explicar.  
Eu desde criança sempre colocava meus familiares sentados no sofá, enquanto apresentava pra eles aquela performance que eu havia preparado a tarde inteira, onde eu tinha escolhido (por mais brega que fosse) todo o figurino e trilha sonora. E naquele momento, eu era a pessoa mais feliz e talentosa do mundo. Desde pequena, eu me imaginei na televisão. Mas claro, toda criança se imagina na televisão. Certo? E é por isso, que todo mundo imaginou que essa “loucura”, um dia ia passar.
Me lembro como se fosse hoje a primeira peça de teatro que eu vi. Falava sobre avareza, e pessoas ruins que tentam passar a perna em outras pra se dar bem. Sentei bem pertinho do palco, nas escadas mesmo. Passei aquela uma hora e meia quase sem piscar, pra não perder nenhum detalhe. E a cada surpresa, meu coração acelerava, e acompanhada de um sorriso enorme, que permaneceu até o fim do espetáculo. Fui a primeira a levantar, e bati palmas como se a minha vida dependesse delas. Quando a cortina enfim de fechou, senti um contentamento, e um calor diferente na alma. Eu tinha 5 anos de idade, e decidi naquele momento o que queria fazer pro resto da vida.
Eu queria então ser ATRIZ. Pro terror do meu pai, que é de uma obsessão quase fora do normal por dinheiro e cargos de prestigio. O sonho dele sempre foi que eu fizesse Veterinária. Nada contra a profissão. Mas cá entre nós, eu nunca tive vocação. Não culpo ele, afinal de contas a gente deve sim pensar no futuro, nunca se sabe como vamos estar daqui 10, ou 15 anos. E se arriscar, é pra poucos. E foi isso que me segurou durante muito tempo.
Depois de muito pensar. Depois de muito analisar várias profissões, voltei à estaca zero. De onde nunca devia ter saído, diga-se de passagem. E o teatro voltou como um raio pra minha vida. Decidi dessa vez dar ouvidos a ele, e vinte anos depois daquele primeiro contato com a quinta arte. Estou eu, a alguns dias de fazer a tão temida prova de ‘habilidades especificas’. Onde vou ser avaliada naquilo que mais amo na vida. Por mais que confie no meu talento, e no que sou capaz. Bate um medo, aquele medo de dar tudo errado. 
Pode parecer exagero da minha parte pra algumas pessoas, mas quando penso nisso, nessa prova, me vem uma onda de desespero e alegria. E quando me imagino enfim na faculdade, me sinto uma boba com os olhos marejados. Bom. Pode parecer exagero da minha parte pra algumas pessoas... mas não é todo dia que realizamos nossos sonhos de criança.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Comprometimento


Existem atitudes que nos irritam muito. Nós, seres humanos, somos altamente irritáveis. Por vezes chega a fica quase impossível conviver com alguém, que faz dessas atitudes um costume. O que se torna algo deselegante, e até mesmo grosseiro. Sei que vocês irão concordar comigo.
Acredito que ao marcar um compromisso dois quesitos devem ser levados em consideração. Em primeiro lugar. Tenha certeza de que nada irá atrapalhar essa decisão. A menos que ocorra um imprevisto, você vai estar na hora e no lugar marcado. Sem desculpas. Em segundo lugar. Caso aconteça o tal imprevisto. Ligue, mande e-mail, telegrama, sinal de fumaça, pombo correio. Mas avise o mais cedo possível.
Antes de dar o bolo em alguém, você deve colocar a mão na consciência e analisar se você gostaria que fizessem isso contigo. E então perceber que a tal pessoa não vive em sua função, pra fazer as coisas como e quando você quer. Ela pode estar contando com o seu comprometimento. Então pensa antes de responder um sim desenfreado. Analise na sua agenda, e perceba se não vai ocorrer nenhum evento mais importante, ou até mais interessante que um filme nacional. Se não quer ir, não vá. Melhor. Não diga que irá. Apenas responda não, quando o convite surgir. Simples assim.
É claro que imprevistos acontecem, e todo mundo sabe disso. Mas hoje em dia com essa tecnologia toda, não há desculpas pra não avisar com antecedência que pegou caxumba da sua priminha de três anos. Você deve sim uma satisfação. O mínimo a ser feito, é se desculpar. Feio é deixar as pessoas na mão sem motivo. Se explique. Mas não minta. A mentira torna tudo mais sujo e feio.
Na primeira oportunidade que tiver. Se redima. Faça diferente. Não adianta nada se desculpar, e fazer tudo de novo. Isso pode tornar a relação de vocês (seja lá qual for), muito desgastada. E em alguns casos, a relação pode até deixar de existir. Fora a sua credibilidade, que será fortemente abalada. E ninguém quer ser mal visto. Certo? Eu espero que sim.
Acho que hoje em dia as pessoas estão egoístas demais pra levar a sério algum compromisso informal. Se não é de trabalho, não tem problema não comparecer. O que me deixa muito triste. Afinal de contas. O descaso com as pessoas é algo tão grande, tão visível. E o mundo parece não se importar. Não é legal deixar uma pessoa na mão. Não é bonito, e não faz bem. Não sei viu. Ou eu estou convivendo com as pessoas erradas, ou é o mundo que tá todo errado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sou chata e indecisa. Na hora que eu quero algo, me vem uma onda e eu já não quero mais. Gosto, e não gosto. Sou um turbilhão de pensamentos, de sentimentos, de inconstâncias e loucuras. Intensa até não fazendo nada. Insuportável se eu quiser, e um amor se me der vontade. Pode ser um inferno conviver comigo, mas pode ser simples como uma chuva de verão. Educada de berço, e grossa por inspiração. E sabe o que não faz sentido? As pessoas gostarem.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O Sotaque Das Mineiras

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo ficou de fora? Porque, Deus, que sotaque!

Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque. Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar").

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz de direito, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço.

Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?". Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário.

Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: “Mexe com isso não, sô” (leia-se: sai dessa, é fria, etc). O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. “Sôcê” (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: “Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.” Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase.  É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, "olá, me escutem, por favor". É a última instância antes de jogar um pão de queijo
na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "pêxonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu pêxonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas "com" alguma coisa.

Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de "bonitim",  "fechadim", e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca. Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.  Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.

No supermercado, não faz muitas compras, ele compra "um tanto de côsa". O supermercado não estará lotado, ele terá "um tanto de gente". Se a fila do caixa não anda, é porque está "agarrando" (aliás, "garrando") lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará: “Ai, gente, que dó.” É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Não vem caçar confusão pro meu lado. Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do "tanto debom" que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Capaz... Se você propõe algo e ela diz: capaz!!! Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer: "ce acha que eu faço isso?", com algumas toneladas de ironia... Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "Ô dó dôcê". Entendeu? Não? Deixa para lá.

É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica:- “Ah, nem...”. O que significa? Significa amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?". Resposta: "Nem...". Ainda não entendeu? Uai, nem é nem.

Leitor, você é meio burrinho ou é impressão? A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"? Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...

Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade... Tem tantos outros...

O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar: Ah, fui lá comprar umas coisas. “Ques côsa?”- ela retrucará. O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que. 

Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará: “Ele pôs a culpa "ni mim".”

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: "prôcupa não, bobo!". E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim.

A fórmula mineira é sintética. E diz tudo. Até o "tchau" em Minas é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau procê", "tchau procês". É útil deixar claro o destinatário do tchau. Então...


¹ Carlos Drummond de Andrade









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[1] Em tempo, de acordo com pesquisa feita pelo escritor, tradutor, linguista e professor, Marcos Bagno, o texto acima atribuído a Drummond é apócrifo, não foi de fato escrito pelo grande poeta mineiro.